
Esse é um artigo maravilhoso que encontrei no site da REVISTA NOVA ESCOLA escrita por Ricardo Ampudia (gestaoescolar@fvc.org.br)
http://gestaoescolar.abril.com.br/aprendizagem/nao-fazer-dia-indio-cultura-indigena-624334.shtml
O QUE (NÃO) FAZER NO DIA DO ÍNDIO
Na data em homenagem aos primeiros habitantes
do Brasil, uma série de estereótipos e preconceitos costuma invadir a sala de
aula. Saiba como evitá-los e confira algumas propostas de especialistas de
quais conteúdos trabalhar
Dia do índio
O Dia do Índio é comemorado em 19 de abril no
Brasil para lembrar a data histórica de 1940, quando se deu o Primeiro
Congresso Indigenista Interamericano. O evento quase fracassou nos dias de
abertura, mas teve sucesso no dia 19, assim que as lideranças indígenas
deixaram a desconfiança e o medo de lado e apareceram para discutir seus
direitos, em um encontro marcante.
Por ocasião da data, é comum encontrar nas
escolas comemorações com fantasias, crianças pintadas, música e atividades
culturais. No entanto, especialistas questionam a maneira como algumas dessas
práticas são conduzidas e afirmam que, além de reproduzir antigos preconceitos
e estereótipos, não geram aprendizagem alguma. "O índigena trabalhado em
sala de aula hoje é, muitas vezes, aquele indígena de 1500 e parece que ele só
se mantém índio se permanecer daquele modo. É preciso mostrar que o índio é
contemporâneo e tem os mesmos direitos que muitos de nós, 'brancos'", diz a
coordenadora de Educação Indígena no Acre, Maria do Socorro de Oliveira.
Saiba o que
fazer e o que não fazer no Dia do Índio:
1. Não use o Dia do Índio para mitificar a
figura do indígena, com atividades que incluam vestir as crianças com cocares
ou pintá-las.
Faça uma discussão sobre a cultura indígena
usando fotos, vídeos, música e a vasta literatura de contos indígenas.
"Ser índio não é estar nu ou pintado, não é algo que se veste. A cultura
indígena faz parte da essência da pessoa. Não se deixa de ser índio por viver
na sociedade contemporânea", explica a antropóloga Majoí Gongora, do
Instituto Socioambiental.
2. Não
reproduza preconceitos em sala de aula, mostrando o indígena como um ser à
parte da sociedade ocidental, que anda nu pela mata e vive da caça de animais
selvagens
0pt; line-height: 115%;">Mostre aos alunos que os povos indígenas não vivem mais como em 1500. Hoje, muitos têm acesso à tecnologia, à universidade e a tudo o que a cidade proporciona. Nem por isso deixam de ser indígenas e de preservar a cultura e os costumes.
3. Não
represente o índio com uma gravura de livro, ou um tupinambá do século 14
Sempre recorra a exemplos reais e explique
qual é a etnia, a língua falada, o local e os costumes. Explique que o Brasil
tem cerca de 230 povos indígenas, que falam cerca de 180 línguas. Cada etnia
tem sua identidade, rituais, modo de vestir e de se organizar. Não se prenda a
uma etnia. Fale, por exemplo, dos Ashinkas, que têm ligação com o império Inca;
dos povos não-contatados e dos Pankararu, que vivem na Zona Sul de São Paulo.
4. Não faça
do 19 de abril o único dia do índio na escola
A Lei 11.645/08 inclui a cultura indígena no
currículo escolar brasileiro. Por que não incluir no planejamento de História,
de Língua Portuguesa e de Geografia discussões e atividades sobre a cultura
indígena, ao longo do ano todo? Procure material de referência e elabore aulas
que proponham uma discussão sobre cultura indígena ou sobre elementos que a
emprestou à nossa vida, seja na língua, na alimentação, na arte ou na medicina.
5. Não tente
reproduzir as casas e aldeias de maneira simplificada, com maquetes de ocas
"Oca" é uma palavra tupi, que não
se aplica a outros povos. O formato de cada habitação varia de acordo com a
etnia e diz respeito ao seu modo de organização social. Prefira mostrar fotos
ou vídeos.
6. Não
utilize a figura do índio só para discussões sobre como o homem branco
influencia suas vidas
Debata sobre o que podemos aprender com esses
povos. Em relação à sustentabilidade, por exemplo, como poderíamos aprender a
nos sentir parte da terra e a cuidar melhor dela, tal como fazem e valorizam as
sociedades indígenas?
Quer saber
mais?
Consultoria:
Maria do Socorro de Oliveira, coordenadora de
Educação Escolar Indígena d a Sec. De Educação do estado do Acre
Majoí Gongora, Antropóloga do programa de
Povos Indígenas do Brasil do Instituto Socioambiental
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